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sexta-feira, 6 de abril de 2012

O amor e outras drogas :)

Amigos, com um pequeno interregno de 3 meses e uns trocos, eis-me de volta ao blog; o tema é semi-recorrente, mas a sua actualidade é indiscutível.


O poder curativo das coisas imensuráveis, o valor imenso das coisas em que acreditamos, a força das nossas convicções e a insustentável leveza do pensamento - abstracções da nossa cabeça ou panaceias milenares?


Todos já vivemos situações em que nos foi pedida calma. Ou talvez o contrário, uma acção. Reacção. Já o fizemos para outrem. Já impusemos racionalidade em momentos impulsivos e já nos forçámos a reagir em momentos de puro pânico. Já pedimos a alguém para acreditar em desfechos impossíveis e já acreditámos nós mesmos em causas perdidas. 


Hoje vou falar-vos de uma experiência pessoal, que poderá falar-vos ao coração ou não, que cada um sabe de si. Posso dizer-vos, no entanto, que para muita gente ver será sempre crer, sentir será sempre acreditar. 


Tive de efectuar, recentemente, uma visita áquele sítio onde se vai quando sentimos que o nosso tempo aqui pode estar por um fio, e precisamos urgentemente de ajuda - e lá esperei, como toda a gente, pela minha vez. 


Foram só umas horas. Mas o que me levou lá? A garganta começou a inchar. Por dentro. Deixei de conseguir respirar. A meio de uma refeição. Sem razão aparente. Pensei que pudesse ser alergia a algum alimento. Ou um conjunto de outras coisas igualmente más. Aparentemente terá sido apenas uma crise de pânico, que terá causado uma violenta reacção do meu sistema respiratório. Nada de mais.


Mas entre as 23 horas desse dias e as 3 da manhã do dia seguinte, essa insignificância foi o centro da minha vida. Que eu pensei, genuinamente, que pudesse estar a terminar. Aquela história da vida a passar-nos à frente dos olhos? Nope. Luzinha no fundo do túnel? Também não. Mas o resto estava lá.


Imagino que os mais fortes e resolutos de entre vós tenham  um conjunto porreiro de etiquetas nas pontinhas dos dedos, prontas a colar aqui no blogger. 


"Stressado". "Histérico". "Irracional". "Exagerado". "Drama Queen" (pronto, "King" neste caso). 


Aceito todos com um sorriso. E nem sequer é um daqueles cínicos. É sentido. O sorriso de quem passou por algo que o mudou. Que já esteve desse lado. Que até viver a sensação talvez cantasse de galo. Alguém que amadureceu.


Porque, quer queiramos quer não, todos somos verdinhos até amadurecer. 


Por vezes a vida acelera esse processo, outras vezes são os amigos, os familiares, os acontecimentos inesperados... Mas acreditem, a teoria de pouco serve em certos casos, e empalidece face à prática, como uma fada do Twilight, perante uma tia de solário.


No fundo, e esquecendo as metáforas, a minha mente subconsciente, reagindo a acontecimentos recentes, libertou quantidades espantosas de adrenalina no meu sistema e provocou uma reacção que poderia ter tido consequências mais graves se eu estivesse longe de um hospital, a conduzir ou sozinho nalgum lado.


A minha mente. Como algo separado, mas parte, de mim. Um censor interior, se quiserem.


Que teorias novas e velhas mudem os nomes às coisas, mas a verdade é que todos temos ainda os velhinhos três registos: o consciente que escreve blogs, o sub-consciente que está a processar toda a informação no segundo balcão, e o inconsciente que só sai à rua quando as luzes se apagam.


A verdade é que aquilo em que acreditamos tem o poder de se tornar realidade, de alguma forma, ainda que primariamente só para nós. O meu consciente acreditou que eu estava a morrer. Mas a parte assustadora, é que por vezes não sabemos que acreditamos. Não temos explicações para atitudes, medos, preconceitos e reacções. Por vezes, uma parte escondida de nós tomou as rédeas e nós deixámo-nos levar, como um barquinho de papel a caminho de uma sarjeta, num dia de muita chuva.


O meu sub-consciente mandou-me uma carta armadilhada com estalinhos. O meu consciente transformou-a em C4. Com anthrax. E um Smiley amarelo, com uma gotinha de sangue a escorrer.


Da mesma forma, em situações de maior stress, o meu consciente, apoiado pelas experiências passadas, (o sub-consciente a fazer-se útil), em que tudo tinha corrido bem, contribuiu para que mantivesse a calma e conseguisse ultrapassar, sem esforço, coisas muito complicadas.


Aquilo em que acreditamos faz um mundo de diferença. A fé num resultado. Há curas milagrosas que mais não são que um sistema complexo a funcionar de uma forma simplesmente brilhante. O chamado poder do pensamento positivo. Células que mudam o seu comportamento. Órgãos que recuperam motilidade. Lesões que desaparecem.


A medicina tradicional chama-lhes milagres, ainda que sem a conotação teológica. Eu chamo-lhes uma máquina bem oleada. Emoções canalizadas para fins que beneficiam o indivíduo, e por vezes também os que o rodeiam. Fluxos constantes de hormonas e enzimas alterando desfechos esperados e demonstrando, além de qualquer dúvida, que o órgão mais importante do nosso corpo é mesmo uma grande passa enrugada.


O amor, por exemplo, cura tanto como fere. Cria tanto como destrói. 


Mas quando está em modo "King of the World", somos invencíveis. Mais resistentes. Mais fortes. Mais rápidos. Não nos cansamos tão depressa. Não precisamos de dormir tantas horas. As dores passam para segundo plano. A nossa tolerância aumenta. A nossa simpatia duplica. Todos os nossos ritmos internos se alteram. A chuva não molha. O frio não gela. O calor não queima. Se a Pfizer descobre uma maneira de patentear isto sem efeitos secundários, o Viagra passa a uma relíquia do passado :)


Infelizmente, em modo "Emo for the Ages", provoca descompensação aos mais variados níveis. Olhar triste. Lágrimas fáceis. Espasmos. Suores frios. Vómitos. Diarreias. Arritmias. Enxaquecas. Perda de força. Cansaço crónico. Alergias. Lesões cutâneas. Feridas que demoram muito mais tempo a fechar. Mau humor. Irascibilidade. Falta de compreensão. Insónias. Sentimentos de rejeição.Tudo custa a fazer. A vida parece uma desafio intransponível. Se conhecerem quem pareça padecer de tudo isto, podem apostar que a causa é só uma.


Resumidamente, não há maior droga que a felicidade. Não há maior castigo para os invejosos que vê-la nos outros. Não existe prova mais provada do que as vidas mais longas, com maior qualidade e com mais alegria das pessoas que estão felizes. E o contrário nas outras.


Se eu acreditar eu posso muita coisa, mas se o meu peito estiver cheio daquele sentimento que nos faz voar (não é Redbull, que isso é tanga) eu sou capaz de ultrapassar todos os obstáculos que surjam à minha frente. Eu não terei medo. Nem imagino derrotas. Morte? 


O amor é imortal :D


Feliz Páscoa meus amigos, e lembrem-se que mesmo que duvidem que os coelhos ponham ovos de chocolate, acreditem que o amor pode mudar a vossa vida :D




















1 comentário:

  1. Começo por uma premissa cognitiva, como bem sabes, algumas das minhas linhas mestras relativas ao meu pensamento, é que em boa verdade, a morte não existe nos termos holo-pensénicos das sociedades actuais. Existe sim, a alteração do estado energético onde a nossa consciência se manifesta.
    O que por outro lado, não invalida que este fato biológico que envergamos, nos traga uma série de chatices, em consonância com uma série de factores aleatórios oriundos de uma série "quase" infinita de interacções, bem como, o livro que todos carregamos como cartão de visita, o nosso ADN.

    Fico contente, por o teu caso, não ter sido mais do que um susto, que também afinal, para nossa aprendizagem e mais uma experiência a somar, a tantas outras na tua mesologia.
    Este sentimento é genuíno, e tu vais senti-lo como tal e naturalmente. Aqui entramos no campo da amizade. A ciência não consegue mensurar, ou por outras palavras, balizar na forma de valores, sentimentos e emoções.

    Reforçando a ideia, que a ciência "ainda" está a anos luz de muita coisa e focando o tema da profilaxia, vejamos um exemplo que à primeira vista possa parecer um enorme absurdo.
    Vamos imaginar, por exemplo, um belo almoço, com um Sol imenso (quando não emita sun storms) a raiar, numa esplanada da Arrábida e depois colmatado com um belíssimo whiskey e um cigarro daqueles (daqueles saudáveis que eu faço actualmente), todos estes factores conjugados entre si, fazem um bem enorme a toda a nossa saúde, falando de forma holística.
    Também e melhor ainda, desde que a carteira o permita, acordar num daqueles "iglos" de madeira numa ilha do pacífico, em que parte do chão é de vidro e vemos os peixinhos de coral (p.ex. o Nemo e seus amigos) a nadarem por baixo da nossa cabana e darmos um mergulho em águas límpidas e depois beber num barzinho perto da praia de areias brancas com a mulher de sonho, aqueles cocktails com chapéuzinhos espetados nas rodelas de limão e laranja, com variadíssimas cores.
    É profilaxia pura, cura todas as maleitas e mais algumas.

    Aquele abraço.

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